Texto publicado em fevereiro de 2015
A nova geração..
Os últimos quatro anos muito se falou da Nova
Geração do surf brasileiro. Liderados por Gabriel, os meninos, hoje
jovens adultos, ganharam corpo e densidade no circuito. Venceram
baterias, etapas difíceis, campeonatos. O volume e a rapidez com que se
firmaram foram responsáveis pela sensação de que havia chegado a hora.
As experiências passadas, a despeito de quem lutou a dura batalha do
circuito e honrou as nossa cores, não previam o que aconteceu e,
sobretudo, o modo como aconteceu. Por isso, a Nova Geração do Surf
brasileiro, adjetivação que ouço desde menino quando a fornalha dos
juvenis ascende ao profissionalismo, parece, hoje, um termo exclusivo
daqueles nascidos ao redor da década de 90. Nessa toada, essas duas
palavras tornaram-se uma espécie de mantra para qualificar a tomada de
assalto, a afirmação do talento de um grupo, a conquista pelos primeiros
lugares. Da mídia de língua inglesa aos nossos veículos especializados,
acompanhamos esse movimento rumo à consolidação de Mineiro, Miguel,
Felipe, Jadson, Gabriel, Alejo... Resultados consistentes demarcaram o
atual momento do surf brasileiro de um modo tão distinto de outras
épocas que, por vezes, somos levados a crer no ineditismo do aqui e
agora... Como se, no passado, o que sempre existiu fosse a velha guarda,
a qual fomentou a explosão que vemos diante de nossos olhos e que, com
todo mérito e pompa, enche-nos de orgulho.
Quando se envelhece, e
voltamos a nossa atenção para o passado, percebemos certa injustiça
nesses julgamento sobre o tempo corrido, o que foi... Assisti, e assim
recordo, a, pelo menos, quatro Novas Gerações do surf Brasileiro. Gente
de muito talento, nem sempre reconhecida com títulos e lugares cativos
entre os cinco primeiros... Ainda que Fábio, Teco, Guilherme, Renan,
Raoni e Vitinho tenham alcançado brilho próprio, alguns dos jovens que
se lançaram na aventura da competição não conseguiram manter, por longo
período, uma constância que lhes permitissem aplacar as expectativas
criadas e responder aos resultados que o talento prometia-lhes ser o
caminho natural.
Quando tudo parecia consolidado pela história,
surge, novamente, Pedro. Lembro-me, como se fosse hoje, o sentimento que
o título juvenil causou em mim e nos meus amigos. "É agora, dizíamos.
Esse título virá!" A empolgação, misto de certeza e esperança,
transformou-se à medida que os anos passaram. O ciclo competitivo
engrenou-se em máquina e novas caras surgiam e outras tantas tomavam
novo rumo.
Sim, Alejo surfou como gente grande e levou; sim, David
ainda tem muito o que provar, mas o seu surf tem força e deve ser levado
em consideração... Mas, para mim, o que valeu, e o Túlio foi muito
feliz em sublinhar esse feito, foi ver Pedro de volta. Se esse retorno
será para valer, se ele entrará no WCT no ano que vem, parece-me menos
importante do que assistir a um camarada reescrever a sua história...
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