Texto Publicado em Janeiro de 2015
Minha aposta não reside na luta pelo título, pois, a despeito do que
parece desenhado, as minhas fichas estão novamente no Gabriel... A
vontade de ganhar do menino somente é comparável, no circuito, àquela do
sanguinolento e, como sabem, a do Adriano.
Sobre Mineiro, a torcida
de sempre, a esperança de que ele se torne campeão mundial, embora
acredite que ele não seja completamente aceito pelos donos do poder...
Se ganhar, será a fórceps, no grito... Seria emocionante presenciar esse
momento, mas acho que alguma água ainda será preciso correr sob sua
prancha para oferecer nova modulação às notas dos juízes...
JJ...
Bom... O mais vistoso e violento surf do circuito... O menino loiro
parece ser um astro que brilha num céu sem atmosfera... Talento puro...
Todavia, tal qual o seu braço, sempre pendente, sou levado a crer que a
competição para ele, muitas vezes, não é o centro de seus preocupações.
Sim, ele quer ganhar... O problema é saber se os trinta minutos de
bateria, a limitação do tempo cronológico não é, o que me parece, uma
afronta ao seu talento...
Uma vez, Joca Secco disse, numa belíssima
entrevista: o bom do surf de competição é perceber que tudo deve
acontecer sob precessão máxima: do tempo, da onda, da vontade de vencer o
outro... Concordo, embora JJ, como aliás ocorre com Dane, é a exceção
que contraria a regra... Ganhará títulos? Para isso, terá de passar pelo
Gabriel e pela organização que elegeu Julian o seu porta estandarte.
Sobre Julian.... Com a palavra, a ASP...
Minhas
torcida, todavia, concentra-se em outos dois brasileiros. Em primeiro
lugar, em Felipe... Ah Felipe... Se dominar ondas maiores, o filho do
Ricardo pode chegar entre os cinco primeiros... Não acho que ele é
merrequeiro, ou coisa que o valha... Acho, isso sim, que terá tempo para
aprimorar-se em ondulações acima de oito pés. Assim será, porque poucas
vezes assisti a um surf tão rápido e forte... Ele é menino, ganhará
corpo, consciência do que precisa fazer... acredito, piamente, que
fará...
O outro, Jadson.. Sobre ele já escrevi algumas vezes...
Quando lembro de Jadson, lembro de Peterson... A virada que fez esse ano
foi, embora encoberta pelo brilho do Gabriel, uma das coisas mais
emocionantes que vi no circuito. Se fez isso em 2014, o que ele poderá
fazer em 2015? Sei lá...
Uma última palavra sobre Miguel, quem, em
outra chave, lembra-me algo de JJ... Não no estilo tampouco na
calibragem de seu surf... Aqui, a semelhança encontra-se, sem que minha
mão pese uma tonelada, no temperamento. O surf mais elegante da tropa de
brasileiros precisaria ter mais sangue nos olhos... Somente isso seria
suficiente para subir posições no ranking e para firmar-se
definitivamente no circuito com um dos grandes... Perdeu baterias bobas
nesse ano, não pode e não precisa das esse mole...
Ps: Já
comentamos o circuito de 2015... Presente em mim, a indignação com a
morte do Ricardo... Sigamos em frente, mas não nos esqueçamos das
feridas abertas para que não nos transformemos em insensíveis à
brutalidade da vida...
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