Publicado em novembro de 2014
Mineiro... Os adjetivos para o camarada quase sempre resvalam em sua determinação, em seu compromisso com a vitória. Poucos surfistas no circuito possuem tamanha obsessão em vencer. De farto aerealista dos primeiros anos do WQS para transformar-se em um dos mais regulares surfistas de borda do circuito, Adriano percorreu mais de uma década de treinos, de entendimento dos critérios de julgamento e, sobretudo, de críticas vorazes de além mar. Suspeito que essa metamorfose ocorreu sob uma enorme pressão, embora ela não tenha origem no universo anglo-saxão, irritadiço com o amadurecimento daquele menino obsessivo em trazer para sua terra a coroa de campeão mundial. O principal responsável pelas noites mal dormidas após algumas derrotas, pela crítica mordaz contra a perda de concentração em algumas baterias e pela culpa de ainda não saber dominar algumas das ondas clássicas do planeta é e sempre foi o próprio Adriano. Dessa enorme cobrança consigo, nasceu a força para ganhar em Bells e Jeffreys. A cada ano, a cada etapa vencida do planejamento que desenhou ainda menino, reforçava-se a certeza de que diminuía a distância entre ele e o ambicionado título mundial. A consequência para nós foi uma crescente admiração pela força desse rapaz. Se estivéssemos em guerra, chamaria, em primeiro lugar, Adriano para se juntar ao meus na trincheira. Tenho a sensação de que a sua crença é capaz de tudo, inclusive de transformá-lo num dos competidores mais temidos do tour...
O problema é que esforço não implica necessariamente certeza de sucesso. Isso porque a vida não é justa. Alguns obstáculos precisam ser superados para que o caminho para o caneco se faça. Não se trata de talento, o que ele possui. Adriano precisa, isso sim, estar mais relaxado frente aos olhares nervosos de seus adversários. Relaxado não significa, aqui, descompromisso. É hora de aproveitar a maravilha que é aplicar aquela rasgada no oco, de tirar aquele tubo impossível... É hora de se divertir, pois acredito que isso irá aproximá-lo de seu objetivo, não afastá-lo. Está na hora de tirar um pouco da pressão que, por anos, repousa sobre as suas costas. Afinal, Adriano tem a profissão mais divertida do mundo. Às vezes, precisa-se lembrar disso.
De minha parte: muita torcida e enorme admiração
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